sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

A Proteção do anonimato e o prazer das interatividades



Artigo de opinião

As novas tecnologias com base no surgimento de salas de bate-papo “chat´s” proporcionaram as pessoas à construção de identidades que viessem a fazer parte de suas vidas. As condições vantajosas que estas interatividades permitem como o anonimato, produz facilidades para que os internautas se relacionem da forma que quiserem. O fato de se ter a imagem preservada e a sensação de trabalhar com a mente imaginando o perfil da pessoa que esta do outro lado e o destino desta conversa traz a satisfação pessoal.
A liberdade de expor idéias, desejos físicos e emocionais são facilmente encontrados nos sistemas de mensagens instantâneas. A conduta do indivíduo começa com a procura de compatibilidade por faixa etária e localização geográfica e ao longo da conversa as perguntas são destinadas a características físicas. O que é mais interessante é como as pessoas se encontram no prazer e conseguem se revelar líderes do polyamory


[1], pois outra facilidade é a possibilidade de se relacionar com mais de uma pessoa ao mesmo tempo e já que se pode ter “prazer virtual” com uma pessoa os usuários se esbanjam na escolha de seus parceiros virtuais.
Segundo legado de Freud as conseqüências que este tipo de tecnologia oferece é a compulsão repetitiva em certas atitudes em busca de prazer. Normalmente são atraídos pelos Nick´s (apelidos) e no processo de interação o que não se leva em conta são as frustrações psicológicas e o risco que a pessoa corre quando não sabe utilizar a ferramenta de forma correta. Um exemplo claro são os encontros marcados que viraram tragédia, pois a proteção do anonimato é um elemento que contribui para o estímulo da curiosidade e prazer para o ínicio de uma relação.
Não existe um perfil específico de uma pessoa que gosta de usufruir as facilidades da internet, isto é muito relativo, pois sabemos que entre milhões de internautas existem pessoas que sofrem de complexo de inferioridade, racismo, preconceitos físicos, frustrações amorosas, problemas familiares e dificuldades de sociabilidade e que se desprendem mais quando faz uso desta ferramenta.
Enquanto muitos querem se mostrar nos sites de relacionamentos expondo fotografias que revelam suas características físicas e vida pessoal, outros preferem o anonimato. As novas tecnologias vêm evoluindo em um processo rápido e muito dinâmico, mas ao mesmo tempo tem deixando a preocupação para pais de família que não tem como garantia a total proteção de seus filhos. Outros pais não se preocupam tanto, por trabalharem fora ou não estarem situados com o comportamento dos internautas em relação ao manuseio eletrônico.
Em consultórios psiquiátricos aumentam o número de adolescentes que se queixam de frustrações amorosas, casamentos desfeitos e situações de violência sexual. Diante disto percebo o quanto nossos filhos ou “futuros filhos” não podem ficar sozinhos no processo de auto-conhecimento e criação de sua identidade.
Estar junto a um filho não é como fazer praça para uma visita que chega a sua casa e não tem hora para ir embora, mas é reconhecer que existe um ser que precisa de auxilio para se encontrar. Quando alguém usa de empatia para com pais que perderam filhos e filhas assassinados por causa do anonimato que as estimularam descobrir um “amor fantasiado” e que as atraíram, vejo que nunca estamos sós e que existe sempre alguém de personalidade boa ou má para ser escrito na página de nossas vidas.
Seria muito preservar nossos filhos deste mundo virtualizado?As interatividades criadas poderiam preservar mais a sociedade dos atos criminosos de pessoas compulsivas? O problema que temos não é algo tão simples que poderia passar de leve, mas são vidas que estão em jogo.
Algumas pessoas só conseguem se expressar e libertarem- se do julgo de acusações e rejeições, quando ficam hipnotizados pelas fantasias sistematizadas,porém sabemos que mesmo sendo este um momento de prazer seria um momento de ilusão. Seria mais sofrimento do que propriamente prazer, as interatividades servem para descontrair e por alguma eventualidade desta vida, ironia ou sei lá o que, é que eu diria que a possibilidade de um ou uma jovem encontrar um grande amor não são de grandes proporções.
No período que vivemos o que tem sido importante para as pessoas é terem uma identificação de “super homens” e “super mulheres”, e usam as novas tecnologias para se apropriarem de um perfil duvidoso, pretensioso, atraente e tudo isto começou com as facilidades de um tempo moderno, inovador e que foi chegando de mansinho e tomando conta da vida alheia, da cabeça de adolescentes imaturos que achavam que poderiam escrever qualquer coisa e se comunicar na base do “anonimato”, mas as coisas mudaram.
O poder persuasivo de quem comanda a ferramenta é que dirige e finaliza a história. Digo isto porque as palavras sedutoras levam os interados a saírem dos chat´s e irem para programas que aceitam conexão com web cam, as imagens vão integrando e o assunto vai ficando mais interessante e depois vem as possíveis conseqüências.
Como diz a Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta e Psicanalista em São Paulo, Ana Claudia Ferreira de Oliveira 
[2], o começo de um relacionamento é sempre gostoso. Há muita novidade, alegria, e também, muita paixão encobertando os problemas e defeitos de cada um. Quando terminamos um relacionamento, temos de lidar com o nosso fracasso, pois em última análise, somos sim, em parte, responsáveis pelo desenrolar daquela relação, ainda que não quiséssemos esse final.
Eu diria que estamos vivendo um prazer arriscado que se aproxima cada vez mais... sem pensar que existem os dois lados da moeda.


Artigo de Nayara Alves



[1] Neologismo inglês "polyamory", que significa "muitos amores". Disponível em:< http://editoraglobo.globo.com/> acesso em 08 de out.2007
[2] Artigo disponível em:<> acesso em: 08 de out.2007

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